Pacto Brutal, documentário de Daniella Perez, explora o crime que chocou o Brasil há 30 anos. Qual a importância de ainda falar sobre isso?
O assassinato da atriz Daniella Perez, crime que parou o país em 1992, voltou à mídia agora com o lançamento de um documentário da HBO sobre todo o ocorrido. Pacto Brutal chegou no streaming no dia 21 de julho e vasculha os detalhes de um caso brutal e chocante. O crime, que completa trinta anos em 2022, foi cometido pelo seu companheiro de cena na época, Guilherme de Pádua, e sua esposa, Paula Thomaz.
Entre muitas discussões que rodeiam o documentário, muito se questiona sobre o motivo de ele estar sendo feito agora, 30 anos depois do caso, e até mesmo após os culpados terem finalizado a pena definida pelo sistema judiciário. Tatiana Issa, diretora da série documental, falou na última quarta-feira (10) à Rádio Gaúcha sobre a repercussão da produção, assim como os motivos que levaram todos os envolvidos à (re)contar a narrativa de Daniella Perez.
A série tem tido uma repercussão gigantesca, muito maior do que a gente esperava. Era importante que a história desse crime tão brutal e absurdo fosse relembrada por mais gente, fosse entendida da forma que ela de fato aconteceu. Em cima dos autos do processo, e não da forma que ela foi perpetuada de forma errônea por tantos anos.
Tatiana relembra como a mídia sustentou a ideia de que Daniella e Guilherme estavam tendo um caso na época - e como muita gente acreditou nisso:
"Na época, surgiram muitas versões dos acusados na tentativa se defenderem, quererem escapar das provas de que foi um crime premeditado. E depois, no julgamento, essas teorias e inverdades foram sendo quebradas, porque as provas eram muito concretas de que nunca houve essa narrativa de um suposto caso entre eles. Isso é uma grande mentira", pontua a diretora.
Uma das coisas principais que a gente queria na série era provar que nunca houve isso (caso entre Guilherme e Daniella), que isso nunca devia ter sido cogitado e que não devia jamais ser desculpa para um crime brutal nessa magnitude. As pessoas que trazem esse tipo de questionamento estão replicando um comportamento machista e pequeno da sociedade.
Durante todo o processo, os responsáveis pelo crime ganharam muito espaço na mídia, ofuscando o lado de Daniella na história.
"As versões deles puderam ser ouvidas por todo mundo por 30 anos", comenta Tatiana. "E o lado de Daniella, da mãe, da família, não havia sido ouvido. A Glória não pôde nem depor no julgamento. Então a gente optou por mostrar esse lado".