O doc na Netflix, Cyber Hell, mostra o lado sombrio da internet e conta detalhes do caso NHT Room, o maior escândalo sexual da Coreia do Sul.
@helograssi | Publicado em 11/07/2022, às 15h52
O ano era 2019, na Coreia do Sul, quando os jornais locais começaram a noticiar um grande esquema de compartilhamento de pornografia ilegal em grupos de mensagens como Telegram e outros crimes cibernéticos. Após três anos do artigo que iniciou toda uma extensa investigação, a Netflix lançou em maio deste ano o documentário Cyber Hell, que expõe em detalhes como funcionavam esses grupos, os crimes cometidos e a reação da sociedade coreana.
Cyber Hell conta com um grupo de jornalistas, detetives e duas estudantes de jornalismo que derrubaram o maior esquema de compartilhamento de cenas de abuso sexual, fotos tiradas sem consentimento e p*dofilia. De 2018 até 2020, criaram-se chats em aplicativos criptografados de mensagens como o Telegram e o Whatsapp. O nome de dois deles foram vazados como NTH Room e Doctor’s Room.
O caso NTH Room denomina uma porção de oito grupos de Telegram criados pelo mesmo administrador, o usuário Godgod. Nestes grupos, mulheres e meninas (algumas, com menos do que quinze anos) eram ameaçadas e chantageadas a enviar fotos explícitas, que eram vendidas entre os usuários e compartilhadas para dezenas de usuários. As vítimas eram obrigadas a realizar atos como masturbação e sexo e, em casos extremos, automutilação. Caso não cooperassem, os criminosos ameaçavam vazar conteúdo de qualquer maneira e atribuí-lo a vítima, mesmo que fosse de outra pessoa.
Além disso, os administradores mandavam links que, se a vítima clicasse, teria os seus dados corrompidos e poderia, facilmente, se tornar material de chantagem. Um dos administradores, Baksa, chegava a enganar as vítimas mais jovens, alegando ser uma proposta de emprego. Enquanto enganava as mulheres e meninas, ele também conseguia, através do IP do computador, o seu endereço. O valor das fotos não ia para quem tirava, mas sim, para quem conseguia os dados da pessoa e fazia a chantagem, em forma de criptomoedas. Na investigação, descobriram que alguns membros chegavam a pagar uma “assinatura” de 1,200 dólares por mês.
Em março de 2020, alguns meses após o início das investigações, o administrador Baksa, revelado como Cho Ju-Bin, um universitário de 25 anos, foi sentenciado a 42 anos de prisão por filmar, vender e compartilhar pornografia de dúzias de vítimas. 16 de suas vítimas foram comprovadas como garotas menores de idade. Dois anos depois, em maio, foi preso o criador dos grupos, Godgod, revelado como o universitário de 24 anos Moon Hyung-wook. Ele foi sentenciado a 34 anos de prisão por coagir e abusar de mulheres, as fazendo compartilhar fotos de si mesmas.
Enquanto isso, o número total de participantes ainda não revelado. Especula-se que, num geral, os grupos somados chegavam a ter de 60 mil a 100 mil participantes, cujos nomes não serão revelados pela polícia coreana. Acreditam que, dentre os participantes estejam nomes importantes como políticos, xerifes, personalidades de mídia e esportistas, além de trabalhadores de todos os setores da indústria coreana.
Atualmente, mais de 3 mil pessoas foram apreendidas pela polícia por estarem envolvidos em esquemas do NHT Room.
O documentário Cyber Hell está disponível para streamar a vontade na Netflix. Um documentário coeso e brutal sobre um escândalo que ainda está desdobramentos e pode afetar a vida de qualquer um. Os crimes cibernéticos ainda são um território novo para a polícia de todo o mundo, portanto, esse doc é uma ótima pedida para você entender as táticas usadas por esses criminosos e se atentar ao comportamento de predadores nas redes.
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