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O Festival do Amor: retorno ao estrelato ou derrocada de Woody Allen?

Novo filme de Woody Allen estreia nesta quinta-feira (6)

@nic_bastos | Publicado em 06/01/2022, às 13h00

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Woody Allen é um dos maiores diretores de cinema que o mundo já viu, mas falar dele hoje em dia é bem diferente (e polêmico) do que anos atrás - assim como analisar suas obras. Em 2017 Dylan Farrow, sua filha, aproveitou o movimento contra abusos sexuais em Hollywood para evidenciar: “Por que a revolução #MeToo poupou Woody Allen?”. 

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Há diversas reportagens evidenciando o abuso sexual que Farrow sofreu de Woody Allen quando ainda criança. Desde então, o diretor nunca mais foi visto da mesma forma, tanto pelos espectadores, quanto pelos diferentes elencos hollywoodianos com quem poderia trabalhar. Muitos acabaram boicotando o trabalho com o artista e foi aí que o diretor resolveu mudar de ares. E é aí que O Festival do Amor, seu mais novo filme, entra.

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Com uma produção de local europeu dessa vez e um elenco de peso - mas não muito visto em filmes grandiosos em Hollywood, por exemplo - encabeçado por Wallace Shawn (Jovem Sheldon), Gina Gershon (Riverdale), Louis Garrel (Adoráveis Mulheres) e Christoph Waltz (007: Sem Tempo Para Morrer), o longa traz uma história divertida e cheia de referências cinéfilas, à lá o que Woody Allen gosta de fazer. O filme chega aos cinemas nesta quinta-feira (6), e o HFTV já teve a chance de conferir. 

A comédia gira em torno de Mort Rifkin (Wallace Shawn) e sua esposa, Sue (Gina Gershon), que trabalha como assessora de diretores de cinema. Eles viajam para a Espanha para acompanhar o Festival de San Sebastián e, após deixarem-se envolver pelo charme e magia da cidade, Mort passa a desconfiar que Sue pode estar tendo um caso com um atraente diretor francês (Louis Garrel). 

O festival do amor, Woody Allen
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Eu já estive no Festival de San Sebastián e me lembrei de como a cidade é linda, então decidi escrever uma história que se passasse lá”, revelou Woody Allen a respeito da escolha da locação para o filme. Já quando questionada a respeito de seu trabalho no filme, a atriz Gina Gerson definiu o projeto como “uma verdadeira carta de amor ao cinema”

Homenagem ao cinema?

Será que "verdadeira carta de amor ao cinema" seria uma declaração verdadeira para a nova obra de Woody Allen? A resposta é que, de fato, o diretor mostra essa intenção, durante todo o filme. Seu 50º longa da carreira - de onde também é roteirista - é recheado de referências e nota-se que foi muito fortemente pensado em atingir os amantes de cinema. Ponto positivo para esse público, mas negativo quando falamos em alguém que vai assistir o longa sem um conhecimento prévio desses assuntos ou simplesmente sobre Woody Allen e seu estilo. 

O Festival do Amor é feito para quem gosta de Woody Allen e a fórmula de direção e roteiro que ele utiliza. Ou ao menos gostaria de ver suas insiprações retratadas. É para aqueles adeptos a "separar o autor da obra", pensando nas polêmicas as quais ele está envolvido.

É com certeza uma busca de homenagear suas maiores inspirações e relembrar obras de grandes cineastas europeus, como Jean-Luc Godard, François Truffaut, Federico Fellini, Ingmar Bergman e Luis Buñuel. Em um casamento com flashbacks com o passado, Woody Allen utiliza na fotografia  do filme elementos do cinema antigo, como a presença do preto e branco e até referências ao cinema mudo. 

Allen chegou a contar em coletiva de imprensa que o motivo da obra ter tanta inspiração em filmes europeus foi de ele ter crescido totalmente imerso nesse universo dos filmes europeus. Uma das referências mais explícitas é ao clássico Um Homem e Uma Mulher, de Claude Lelouch. “É um desses filmes europeus que teve um impacto enorme numa geração de cineastas jovens nos Estados Unidos”.

Enredo e personagens deram o nome?

Por mais que o elenco não seja do "mais alto escalão" dessa vez, esse não é um motivo para os amantes dos filmes de Allen ficarem com medo ou algo do tipo. Os atores cumprem muito bem o papel - por vezes um tanto quanto exageradamente - e fazem você se envolver com seus dilemas. Há quem você crie empatia, e há quem você se incomode só pelo jeito de se portar, exata intenção da trama.

Quanto ao enredo, críticos de Woody Allen podem acabar chovendo no molhado, porque é exatamente o que o diretor acaba fazendo. Não espere grandes mudanças no estilo do profissional querer contar uma história. Enredos sem muitos plot twists e o humor sarcástico e bastante presente estão mais do que inseridos na obra, o que pode fazer com que alguns se incomodem com a "falta de criatividade". No entanto, para quem já é acostumado com o estilo de Allen, certamente pode ficar confortável com a história.

É necessário, no entanto, pontuar um grande incômodo quando Woody Allen resolve retratar o romance do personagem principal, que se assemelha tanto a ele, com uma mulher bem mais nova. Mais uma vez, o protagonista acaba sendo quase que um alter ego do diretor. E dado o seu histórico, é quase que impossível não tecer paralelos com as polêmicas da vida real. É um forte indício de que o filme acaba se tornando muito bem semibiográfico, misturando a personalidade de Allen, com sua paixão pelo cinema.

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Retorno ao estrelato ou derrocada de Woody Allen?

 O Festival Do Amor certamente não pertence a filmes de grande sucesso de Allen, como Vicky Cristina Barcelona (2008) e Meia-Noite em Paris (2011), mas também não faz parte do grupo de seus fracassos. O filme tem um roteiro que cativa, personagens que te prendem a suas vidas e uma fotografia muito bem trabalhada, tanto na mudança passado e presente, quanto na mudança de uma vida infeliz, para uma cheia de vida, utilizando-se de tons frios e quentes na tela, respectivamente.

Se é um alcance ao estrelato ou sua derrocada de vez, vai depender se o público conseguir apreciar o filme, sem lembrar dos escândalos que rondam a vida pessoal de Woody Allen.

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