Aos 78, ator confessa que, por 10 anos, odiou seu filme de maior sucesso
@chboskyyy | Publicado em 30/09/2021, às 09h51
Nova York, dezembro de 1971. Uma limusine para na calçada do Algonquin Hotel. No banco de trás está Malcolm McDowell, o carismático enfant terrible do cinema indie, recém-saído daquele que seria o maior papel de sua carreira: o cruel e polêmico Alex DeLarge, de Laranja Mecânica À sua espera estava Anthony Burgess, autor do livro em que Stanley Kubrick baseou seu roteiro.
50 anos depois, aos 78, em entrevista a Mark Beaumont para o NME, McDowell não esconde seu trauma.
Nos primeiros 10 anos depois que fiz isso, fiquei ressentido. Eu estava farto. Eu não queria falar sobre essa p*rra, eu estava superando. Eu disse: 'Olha, sou um ator, tenho que desempenhar um grande papel, estou seguindo em frente'. Então, percebi que era uma obra-prima e eu era parte, muito parte dela. Você pode muito bem apenas aceitar e se divertir.
Parte do trauma do ator vem do fato de ter interpretado um personagem tão violento em um filme tão violento. E também do fato, que já sabemos muito bem, de que Kubrick é um diretor exigente. E muito. A famosa cena em que Alex é submetido ao tratamento Ludovico foi gravada 39 vezes - seus olhos chegaram a ser anestesiados para aguentar os longos períodos de gravação.
Uma semana depois, [Kubrick] diz: 'Eu vi todas as coisas e é ótimo, mas preciso de um close-up real do olho.' Então eu tive que voltar e fazer de novo! Isso foi uma tortura porque eu sabia o que esperar... mas, você sabe, valeu a pena.
McDowell também relembra suas conversas com Kubrick, como o diretor estava com dificuldades de encontrar o Alex DeLarge perfeito e como foi depois de assistir Se... que teve certeza de que McDowell era quem procurava: "Encontramos nosso Alex", disse Kubrick à Christiane, sua esposa.
Se..., vencedor Grand Prix do Festival de Cannes em 1968, foi o filme que marcou a estreia de McDowell nos cinemas. Alguns anos depois, o ator confessa que perguntou a Kubrick por que ele lhe escalara para Laranja Mecânica. "Você pode exalar inteligência na tela", foi a resposta.
Por fim, McDowell dá seu veredicto.
Você faz um filme assim, é histórico e você o coloca no cofre. Você não pode viver disso, e certamente sou uma pessoa muito diferente do que era quando o fiz. Eu era uma criança, você sabe. Mas estou feliz por ter feito isso? Absolutamente. É notável.
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