Conheça a história das quíntuplas que foram exploradas pelo Estado por anos
@isabisordi Publicado em 18/01/2023, às 20h00
A história das irmãs quíntuplas tornou-se extremamente famosa na década de 30, principalmente no Canadá. Na época, o país estava saindo da Grande Depressão, e o nascimento das crianças foi considerado um verdadeiro símbolo de esperança.
Elzire Dionne e Olive, seu marido, eram fazendeiros, pais de cinco filhos, e moravam em Ontário, no Canadá. Em 1933, descobriram que Elzire estava grávida de gêmeos, e já se preocupavam em como sustentariam mais duas crianças. No entanto, com sete meses de gravidez, no dia 28 de maio de 1934, algo inesperado aconteceu: Elzire não deu à luz duas, mas cinco meninas.
A notícia do nascimento de quíntuplas logo se espalhou por toda a vizinhança, e até mesmo pelo país. As garotas Yvonne, Annette, Cécile, Émilie e Marie se tornaram conhecidas por serem as primeiras quíntuplas a sobreviverem a um parto. Juntas, pesavam um pouco mais de 6kg e eram muito frágeis. Assim que nasceram, os pais e as crianças contaram com a ajuda de muitas pessoas, recebiam leite materno de outras mulheres e mantimentos que as tornaram mais fortes.
Logo após o nascimento, a família recebia ofertas para exporem as meninas em todo o país - e até mesmo fora dele. Em fevereiro de 1935, quando as garotas tinham apenas quatro meses, Olive, o pai, aceitou que elas fossem enviadas para a Feira Mundial de Chicago, nos Estados Unidos, onde ficaram expostas e chamaram muita atenção do público.
Diante desta situação, o governo canadense declarou que Olive e Elzire não teriam mais a guarda das irmãs Dionne, e que elas ficariam sob os cuidados do governo de Ontário. Para isso, alegaram que eles não teriam condições de cuidar delas e que estavam preocupados com o bem-estar das crianças.
Entretanto, tudo não passava de uma armação. O governo, que agora tinha a guarda das garotas, passou a usá-las como atração para ganharem dinheiro. Elas passaram anos de suas vidas morando em um complexo hospitalar, onde mantinham contato apenas com enfermeiras e professores particulares. Ingressos eram vendidos para que as pessoas pudessem vê-las sendo exibidas de tempos em tempos, e o local atraiu mais de três milhões de pessoas.
Durante nove anos, as quíntuplas foram expostas, estamparam itens de merchandising, propagandas na televisão, livros e todos os tipos de produtos. Em 1936, com menos de dois anos de idade, apareceram em seu primeiro filme de Hollywood, “O Médico da Aldeia”, feito pela Twenty Century Fox e dirigido por Henry King. Receberam a visita da Rainha Elizabeth I, da Inglaterra, em 1939, e estrelaram em mais alguns filmes, inclusive o curta-metragem “Five Times Five”, que foi indicado ao Oscar em 1940.
A fama das garotas era tão grande que, durante os anos que viveram no complexo, os pais mal conseguiam contato com elas. Porém, entraram na justiça diversas vezes para recuperarem a guarda das crianças, até que conseguiram em 1943.
Aos 9 anos de idade, as garotas voltaram a morar com os pais. Na época, tinham ganhado bastante dinheiro, que foi utilizado para que a família construísse uma mansão. Continuaram estudando em casa e, alguns anos depois, outras dez garotas passaram a estudar lá também em troca de muito dinheiro.
Segundo a biografia das próprias irmãs, “We Were Five”, lançada em 1965, este momento vivendo com os pais foi o pior de suas vidas. Isso porque elas não tinham os mesmos privilégios que seus outros sete irmãos, continuavam sendo exploradas - sem receber o dinheiro que ganharam ao longo dos anos - e diziam que a casa da família era a casa mais triste na qual já viveram. O ambiente não era feliz, além de todos se tratarem de forma extremamente fria. Além disso, anos depois, declararam que foram vítimas de abuso sexual pelo pai.
Em 1952, quando as quíntuplas completaram 18 anos de idade, finalmente se viram livres para abandonar a vida ao lado de seus pais e seguirem seus próprios sonhos. Neste momento, cada uma delas tomou um rumo diferente, mas nunca perderam o contato entre elas.
Marie, Annette e Cécile casaram e tiveram filhos; Émille ingressou em um convento e tornou-se enfermeira, mas morreu aos 20 anos por conta da epilepsia; já Yvonne, tornou-se enfermeira e trabalhou como bibliotecária por alguns anos. Aos 35 anos de idade, Marie faleceu por conta de um coágulo cerebral.
Depois deste acontecimento, em 1990, as três sobreviventes, Annette, Cécile e Émille foram morar juntas, vivendo com uma renda mensal de pouco mais de 500 dólares. Após moverem uma ação contra o governo canadense por todos os anos de exploração, em 1998, as irmãs finalmente conseguiram uma indenização de 2,8 milhões de dólares, que foi dividida igualmente entre elas. No ano de 2001, Yvonne faleceu, e Annette e Cécile estão vivas até hoje.
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