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"A Menina que Matou os Pais": qual o objetivo de dramatizar romance para explorar o caso de Suzane von Richthofen? [REVIEW]

"A Menina que Matou os Pais" qual o objetivo de dramatizar romance para explorar o caso de Suzane von Richthofen?

@isafrasinelli / Publicado em 24/09/2021, às 11h41

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Divulgação/Amazon Prime Video
Divulgação/Amazon Prime Video

Dois olhares e duas versões sobre a mesma história. Em A Menina que Matou os Pais e O Menino que Matou Meus Pais, que chegam ao Amazon Prime Video nesta sexta-feira (24), somos guiados respectivamente pela perspectiva de Daniel Cravinhos (Leonardo Bittencourt) e Suzane von Richthofen (Carla Diaz) ao adentrarmos no caso de “amor” que levou ao crime que chocou o Brasil durante o início dos anos 2000.

Com direção de Maurício Eça e roteiro de Ilana Casoy e Raphael Montes, os filmes são baseados em depoimentos dos condenados e trazem logo de cara um alerta de que são “uma obra artística com conteúdo biográfico”. Os dois longas também apresentam a mesma cena inicial, que retrata a noite do assassinato de Marísia e Manfred von Richthofen, e em seguida exploram saltos temporais entre anos antes do homicídio até o dia do julgamento do ex-casal e de Cristian Cravinhos

Mas por que duas partes para apresentar o mesmo episódio? Conseguimos compreender essa proposta na medida em que entendemos o quão tendenciosos são os relatos de Daniel e Suzane, que guiam a narrativa. Dependendo de qual filme você começar, é possível ficar com um pé atrás em relação à próxima visão contada. 

Isso porque nos deparamos com dois rumos: em um deles, vemos a filha de uma família rica de um bairro nobre de São Paulo sendo levada ao “mal caminho” pelo namorado que estaria interessado em seu dinheiro e, por outro ângulo, acompanhamos a imagem de um jovem simples e trabalhador que é influenciado pela namorada viciada em drogas e vítima de abusos da própria família. 

Os dois buscam contar suas versões para se provarem como a parte inocente da equação criminal e culpar o outro pelo ocorrido. Em um certo ponto, essa escolha desperta a curiosidade e faz entender a necessidade de mais de um longa. Seria mais difícil trazer ambos olhares parciais em um só filme, já que, inclusive, as duas produções apresentam atuações distintas dos protagonistas.

Com performances cativantes, Diaz transita muito bem entre a imagem de garota exemplar e a de jovem perturbada, enquanto Bittencourt também é incitado a ser visto como um “bom moço” em uma obra e, em outra, o namorado agressivo. As alterações entre estes papéis acontecem não só na postura dos atores, como na escolha de capturar as mesmas cenas em ângulos diferentes. 

A trama se torna limitante, porém, com esse vai e vem dos personagens. Os longas se propõem a estimular tanto os espectadores a compreender os diferentes lados dessa história, que acabam pecando ao focar em apenas dramatizar o romance de Suzane e Daniel - que, inclusive, é problemático e tóxico de ambas formas que é contado - e não aprofundar informações sobre o caso em si. 

Ao terminar um total de quase três horas, fica o questionamento: por que as obras se propuseram a isso? Independente de qual versão dos fatos que você acredita ser a mais confiável, no fim das contas, já entramos no filme sabendo há quase 20 anos que estamos assistindo às visões de criminosos sentenciados pela Justiça. A história continua sendo perturbadora de qualquer forma, então porque não fomos apresentados a mais facetas sobre o caso, para além do romance? 

Os filmes são interessantes na medida em que cumprem seu propósito de localizar o público sobre uma cronologia do caso. Com boas atuações combinadas à fotografia que impressiona de uma forma positiva, as produções podem agradar quem está buscando se inteirar pelo mais pessoal do crime. Mas não dê o play com altas expectativas de que encontrará algo para além da reapresentação das versões dos criminosos sobre as influências que os levaram ao assassinato. 

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